Da Redação
Brasília – “A imposição da tarifa americana de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos representa uma ameaça concreta não só para exportadores nacionais de ponta, mas também para toda a cadeia produtiva e de empregos associada ao comércio Brasil-EUA. Empresas que já diversificaram sua base fabril mundial, como JBS e Marfrig, estão mais protegidas, mas o setor exportador brasileiro, como um todo, precisa buscar novos mercados e, principalmente, negociar diplomaticamente para evitar o aprofundamento desta guerra comercial”.
A afirmação foi feita ao Comexdobrasil.com por Rodrigo Vignoli, Sales de Renda Variável da InvestSmart XP que disse, em complemento, que “ao mesmo tempo, o episódio evidencia o risco da dependência excessiva de grandes parceiros comerciais e reforça a necessidade de estratégias que ampliem a internacionalização das empresas brasileiras, o que pode ser decisivo para amortecer choques e garantir resiliência em temos de incerteza global”.
Segundo Rodrigo Vignoli, o aumento de custos provocados pela elevada tarifa, “tem efeito direto e contratos estão sendo cancelados, embarques suspensos e setores como pescados, carnes e frutas já enfrentam prejuízos. Como exemplo, 58 contêineres de peixe voltaram ao Brasil por recusa de pagamentos dos compradores nos EUA. A expectativa é de forte retração nas exportações, impactando estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, e ameaçando milhares de empregos na cadeia exportadora”.
O especialista vislumbra, no tocante ao Brasil, uma dupla consequência: “ao mesmo tempo em que há excesso de oferta no mercado interno, a queda na entrada de dólares pressiona o câmbio e eleva o custo de importações e insumos, contribuindo para {o aumento} da inflação. Mesmo que alguns produtos fiquem temporariamente mais baratos, o efeito geral tende a ser negativo tanto para produtores quanto para consumidores”.
Empresas beneficiadas com a internacionalização
No cenário das empresas listadas nas bolsas, como JBS, Marfrig, BRF e SLC Agrícola, Rodrigo Vignoli destaca que “a exposição às perdas varia conforme o perfil da operação. JBS e Marfrig tendem a ser menos prejudicadas, pois já possuem grande parte de suas operações industriais e de exportação dentro dos próprios Estados Unidos, o que serve como um ‘escudo’ natural contra as novas tarifas. Essa internacionalização permite que suas filiais instaladas em solo americano continuem vendendo sem o sobrecusto, enquanto outras empresas com produção concentrada no Brasil, caso de parte da BRF, sentirão mais fortemente os efeitos ds barreiras e deverão procurar mercados alternativos, saturando a competição internacional”.
Em relação à SLC Agrícola, Rodrigo Vignoli diz que a empresa, cujo negócio é majoritariamente direcionado à exportação de grãos, “pode até ter um ganho momentâneo dentro do país, caso o redirecionamento de produtos para o mercado interno pressione os preços domésticos desses itens. No entanto, o saldo para o agronegócio brasileiro, em geral, é negativo, pois perde competitividade justamente no segundo mercado mais importante de exportações do Brasil, atrás apenas da China”.
A possibilidade de o governo brasileiro vir a responder com retaliações à tarifa criada pelo presidente Trump, é vista com preocupação pelo especialista. Segundo ele, “do ponto de vista político e econômico, a tensão comercial é agravada por ameaças de retaliação: o governo brasileiro avalia impor tarifas recíprocas a produtos americanos, segundo a Lei de Reciprocidade Econômica, o que poderia resultar em mais desdobramentos negativos, como aumento da cotação do dólar e encarecimento tanto de bens americanos quanto de produtos importados em geral”, concluiu Rodrigo Vignoli
O post Tarifa de 50% é ameaça concreta para exportadores e toda cadeia produtiva e de empregos, diz especialista apareceu primeiro em Comex do Brasil.